Aproximadamente metade dos casos de fertilização in vitro evolui com mais embriões do que aqueles que serão transferidos. Isso ocorre porque existe um limite no número de embriões que devem ser transferidos, a fim de se evitar gestações múltiplas. Os embriões não transferidos devem ser congelados e, caso a tentativa de FIV seja um sucesso, podem vir a ser descongelados para se tentar um segundo filho. Ou então, caso a tentativa não tenha resultado na gestação desejada, os embriões podem ser transferidos no mês seguinte.
O congelamento representa uma série de vantagens para o casal:
Quando sobram embriões em boas condições de congelamento, isso significa que a mulher respondeu bem às medicações para estimulação ovariana, que a fertilização foi adequada e que houve evolução para embriões de boa qualidade;
Um mesmo ciclo de estimulação ovariana pode gerar mais de uma transferência de embriões;
Se o casal obteve a gestação e não quer mais filhos, existe a possibilidade desses embriões virem a ser utilizados, em um futuro próximo, como células tronco para o tratamento de doenças.
No entanto, o congelamento de embriões ainda é uma questão delicada que trás uma série de questionamentos.
Por que é necessária a estimulação dos ovários se um bebê vem de apenas um óvulo com um espermatozoide?
O ciclo natural da mulher libera apenas um óvulo por mês para ser fertilizado e se transformar em um embrião. No entanto, vários trabalhos já demonstraram que as técnicas de reprodução assistida são pouco eficientes no ciclo natural. Para a realização da fertilização in vitro é necessário que a mulher se submeta à estimulação ovariana com medicamentos para a produção de mais de um óvulo com potencial de ser fertilizado. É importante levar em consideração que nem todos os óvulos conseguem ser fertilizados e nem todos aqueles fertilizados conseguem se transformar em embriões de boa qualidade.
Se eu não quiser que meus embriões sejam congelados?
O Conselho Federal de Medicina determina que, no máximo, quatro embriões podem ser transferidos por tentativa. Portanto, quando o casal não deseja que haja congelamento, no máximo quatro óvulos poderão ser inseminados com os espermatozoides, pois o descarte de embriões humanos é antiético.
Como são guardados os embriões congelados?
Os embriões que vão ser congelados são colocados em um meio que previne as células dos danos do frio extremo (eles ficam estocados a uma temperatura de -196°C) e são estocados da seguinte forma:
Os embriões são acondicionados em palhetas (que têm a forma de pequenos canudinhos), que são seladas em ambas as extremidades e identificadas com os dados do casal.
As palhetas são colocadas em raquis também identificados. Cada raqui possui apenas os embriões de um casal, podendo conter de uma a três palhetas.
A raqui é colocada em uma caneca numerada.
A caneca é colocada em um tanque de nitrogênio também numerado.
O que fazer se nós estivermos satisfeitos com o número de filhos e ainda restarem embriões?
O casal tem duas opções nesse caso: a manutenção dos embriões para utilização futura como células-tronco ou a doação dos embriões de forma anônima para um casal que, tanto o homem quanto a mulher, não tenham gametas de qualidade para a geração de um filho.